Metodologia
A metodologia do RASA pode ser apresentada, de forma, simplificada, como abrangendo 3 grandes eixos que são objeto de análise: Políticas (peso de 10%) + Ações (peso de 50%) + Portfólios (peso de 40%) ou PAP, já que a inclusão de temas ASG nas Políticas é apenas o primeiro passo, que precisa ser seguido de Ações e ser refletido na composição do(s) Portfólio(s).
Ela abrange 6 grandes tópicos:
a) temas ASG (ambientais, sociais e de governança) cobertos pelas Políticas e seu aprofundamento em Políticas setoriais (ou seja, para setores econômicos específicos) – 30 temas diferentes são incluídos, com pesos distintos;
b) núcleo temático gerenciamento de riscos: bases de dados consultadas e diligências realizadas acerca de cada tema, peso da avaliação ASG no processo decisório (podendo levar à rejeição da operação/investimento ou a exigências socioambientais), ações de mitigação de riscos adotadas (engajamento com empresas tomadoras de crédito ou receptoras de investimentos), reflexos nas condições da transação (prazos, taxas de juros, limites de crédito, taxas de juros e prazos de vencimento no caso de títulos de dívida, cobertura e custos no caso de seguros, etc), monitoramento de riscos (frequência, abrangência e profundidade);
c) produtos financeiros com impacto positivo (indicadores utilizados e percentual do portfólio);
d) composição do portfólio (perfil setorial, localização, perfil de risco das empresas);
e) governança ASG (dimensão da equipe de sustentabilidade, diversidade de gênero e de raça nos órgãos superiores, integração de fatores ASG na remuneração, treinamentos na matéria para áreas-fim da instituição financeira, etc);
f) envolvimento da instituição financeira em controvérsias ASG (com reguladores, clientes e Ministério Público).
Cada um desses temas tem um peso específico e se desdobra em indicadores com sua respectiva pontuação.
Não são incluídos na metodologia quaisquer aspectos socioambientais relativos às operações das próprias instituições financeiras (consumo de energia de escritórios e agências, realização de viagens, dados relativos à mão-de-obra própria ou terceirizada, contratação de fornecedores) ou atividades filantrópicas. O único aspecto avaliado diz respeito às relações com clientes, abrangendo índices de resolução de controvérsias consumeristas (mas ações de educação e inclusão financeira não são avaliadas).
A Metodologia do RASA permite uma avaliação ampla, aprofundada e objetiva das políticas e sobretudo das ações de instituições financeiras brasileiras em matéria socioambiental.
Ela abrange uma etapa de coleta de dados em fontes públicas de informação, seguida de uma fase de interação com as instituições financeiras, em que eles têm acesso às informações coletadas e podem questioná-las, assim como podem enviar informações complementares (acompanhadas de evidências), que recebem porém um peso menor do que teriam se fossem publicamente divulgadas.
Para conhecer o peso de cada um dos indicadores utilizados na Metodologia, veja a descrição detalhada aqui.
Fontes públicas de informação utilizadas
Bancos comerciais, múltiplos e cooperativos:
1) websites dos bancos (políticas + relatórios);
2) questionários respondidos pelos bancos (ISE da B3, no caso daqueles que fazem parte + Carbon Disclosure Project + Principles for Responsible Banking, no caso de signatários) + questionários Principles for Responsible Investment, no caso das asset managers signatárias+ relatórios Princípios do Equador (no caso de bancos signatários) + formulários de referência apresentados à CVM (quando é o caso);
3) bases de dados do Ministério Público (Federal, Estadual e do Trabalho);
4) bases de dados consumeristas/regulatórias (Ranking do Banco Central, processos administrativos junto à CVM e BC; bases de dados do Ministério da Justiça – SINDEC e consumidor.gov);
5) imprensa;
6) bases de dados de ONGs parceiras (Bank Track, etc);
7) canal para recebimento de informações.
Bancos de desenvolvimento e agências de fomento:
1) websites das instituições (políticas + relatórios);
2) bases de dados do Ministério Público (Federal, Estadual e do Trabalho);
3) canal para recebimento de informações.
Seguradoras:
1) websites das seguradoras (políticas + relatórios);
2) questionários respondidos pelas seguradoras (ISE da B3, no caso daqueles que fazem parte + Carbon Disclosure Project) + formulários de referência apresentados à CVM;
3) bases de dados do Ministério Público (Federal, Estadual e do Trabalho);
4) bases de dados consumeristas/regulatórias (processos administrativos junto à SUSEP e CVM; bases de dados do Ministério da Justiça – SINDEC e consumidor.gov);
5) imprensa;
6) canal para recebimento de informações.
Entidades de previdência (abertas e fechadas):
1) websites das entidades (políticas + relatórios e outros documentos relevantes);
2) questionários respondidos pelas entidades (questionários Principles for Responsible Investment, no caso das signatárias + formulários de referência apresentados à CVM (quando é o caso);
3) bases de dados do Ministério Público (Federal, Estadual e do Trabalho);
4) bases de dados consumeristas/regulatórias (processos administrativos junto à CVM, SUSEP e PREVIC; bases de dados do Ministério da Justiça – SINDEC e consumidor.gov);
5) imprensa;
6) canal para recebimento de informações.
Asset managers (gestoras de investimentos):
1) websites das gestoras (políticas + relatórios e outros documentos relevantes);
2) questionários respondidos pelas gestoras (questionários Principles for Responsible Investment, no caso das signatárias + documentos apresentados à CVM;
3) bases de dados do Ministério Público (Federal, Estadual e do Trabalho);
4) bases de dados consumeristas/regulatórias (processos administrativos junto à CVM; bases de dados do Ministério da Justiça – SINDEC e consumidor.gov);
5) imprensa;
6) canal para recebimento de informações.
Cronograma
2022
1º. ciclo – outubro a dezembro
I – Submissão do framework a consulta pública por 3 semanas – 12 de setembro a 2 de outubro (tendo havido prorrogação até 5 de outubro)
II – Análise das contribuições recebidas na consulta pública e aprimoramentos na metodologia – 3 a 9 de outubro
III – Coleta de dados para bancos comerciais, múltiplos e cooperativos que representam entre 80% e 90% do mercado brasileiro (incluindo suas asset managers, quando houver), sendo eles: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, BRADESCO, Santander, SICOOB, SICREDI, BTG Pactual, Banco Safra e Rabobank – 10 a 30 de outubro
IV – Envio dos dados coletados às instituições financeiras, com pedido de complementação das informações faltantes, acompanhados de evidências, com prazo de três semanas para resposta – 7 a 28 de novembro
V – Análise e avaliação dos dados complementares, com atribuição de notas finais, conforme pesos definidos no framework – 28 de novembro a 9 de dezembro
VI – Divulgação dos resultados do ranking: eventos online e grande imprensa – 15 de dezembro em diante
2023
Não haverá nova consulta pública a menos que exista alteração relevante na metodologia, caso em que ela ocorrerá no segundo semestre, porém aprimoramentos poderão ser realizados em qualquer fase, com a divulgação correspondente.
2º. ciclo (janeiro a abril de 2023) – coleta de dados, avaliação (idêntica metodologia à de 2022) e divulgação dos dados para bancos de desenvolvimento e agências de fomento (BNDES, BNB, BASA, BRDE, BDMG, BANDES + 17 agências de fomento, num total de 23 IFs)
Para essa categoria, as instituições serão agrupadas de acordo com seu porte.
3º. ciclo (maio a julho de 2023) – coleta de dados, avaliação (idêntica metodologia à de 2022) e divulgação dos dados para seguradoras que representem entre 80% e 90% do mercado de seguros brasileiro (a apurar junto à SUSEP)
4º. ciclo (agosto a outubro de 2023) – coleta de dados, avaliação (idêntica metodologia à de 2022) e divulgação dos dados para entidades de previdência (abertas e fechadas) brasileiras que representem entre 70% e 80% do mercado (a apurar junto à SUSEP e PREVIC)
Para essa categoria, as instituições serão agrupadas de acordo com seu porte.
2024
5º. ciclo (setembro a dezembro de 2024) – segunda coleta de dados, avaliação e divulgação dos dados para bancos comerciais, de investimentos e cooperativos que representem entre 80% e 90% do mercado de crédito/bancos de investimentos brasileiros + primeira coleta de dados, avaliação e divulgação de dados relativa a asset managers independentes (universo a definir, baseado em dois critérios: market share e liderança de mercado na agenda ASG)